terça-feira, 12 de abril de 2011

Homens com Letra Grande




                                                                                     Florival Amador

          Extemporaneamente vou vos falar de Homens de Peniche que pelo seu Saber  e andar pela Vida merecem ou mereceram todo o nosso Respeito e Homenagem.
          Também certamente vou vos falar de homens que embora escritos em letra pequena  merecem pelos seu feitos serem lembrados e conhecidos  pelos vindouros  desta que foi lugarejo , Vila e hoje , Cidade de Peniche .
           Tentarei ao longo destas historias ser o mais imparcial possível embora em algumas delas se torne quase impossível , sendo eu  um personagem as vezes de primeiro plano nestas vivências humanas .
           As Senhoras Mulheres de Peniche também  aqui nestas humildes linhas   terão tal e qual como os homens um lugar ímpar na Historia da nossa Peniche , pois  muitas delas bem o merecem e de que maneira .
            Serão Historias reais descritas modestamente  mas com uma certeza absoluta , são verdadeiras e como tal irão proporcionar prazer mas algumas também magoas que certamente serão digeridas nas melhores maneiras .  Assim o desejo .
            E assim vou começar com um Homem dos meus .
            De seu nome Florival Amador, era  pobre que nunca lhe conheci nem uma alcunha  !
Ter uma alcunha dava mais uma honra a pessoa porque era diferente chamar se somente Manuel Joaquim Leonardo ,ter umas alcunhas tais como  Manuel da Noite  e Manecas eram apelidos normais mas que iam enriquecer o monograma  de algumas pessoas que por esses motivos se achavam superiores ! .
             Comecei a conhece lo nos meus dezoito anos  quando com ele formamos o grupo de moços de bordo na traineira em que juntos trabalhávamos .
Casei e mudei me do Bairro da Macedonia para a minha casa nova do Bairro dos Pescadores  e ficamos a ser vizinhos por mais de vinte e sete anos .
              Nessa epoca atravessávamos uma falta de peixe e vendaval em que a miséria se instalou nas nossas casas  por meses a fio e eu como ele e aqueles que andávamos ao mar era dia após dia uma missão ingrata  tomarmos conta dos barcos que como moços de bordo tínhamos que guardar e zelar pela sua manutenção 
             Todas as noites e dias tínhamos que estar de vigia , sempre prontos para quando algum cabo se partia pormos em risco as nossas vidas para assegurar que as embarca coes em que estávamos matriculados e não só pois muitas das vezes íamos ajudar os outros moços quando em qualquer altura fosse necessário o auxilio mutuo . estivessem o mais possível condicionadas para que a maresia quem entrava pelo Portinho do Meio não fizesse estragos fatais nos barcos ou perdas humanas .
             E entravamos com o estômago vazio e só descancavamos somente quando na baixa mar as embarca coes ficavam  durante umas poucas  horas em seco.
Mesmo durante as mares vazias   éramos constantemente postos em perigo pois os grandes andacos de mar que entravam  quase faziam momentaneamente as embarca coes flutuarem e embaterem umas contra as outras .
Tínhamos sempre por hábitos algumas mercearias  guardadas pois se de  um momento para o outro o Mestre resolvia sair para o mar  já tínhamos comestíveis principalmente para uns dias que podessemos estar no mar.
               Uma sardinha juntei me no leito com eles e disse lhes  vamos ver o que nos temos ai para fazermos uma panela de gala , gala
e se bem pensei melhor agimos e dai a pouco já estávamos a comer .
                O ccheiro da cebola refogada com batatas ,arroz e massa tudo junto chamou a atenção dos outros camaradas das traineiras que estavam acostadas a nos  e sem queremos  a comida que foi feita para três serviu para nove .
                Na noite seguinte já foi combinado unirmos e cada qual dava um pouco dos seus comestíveis  e assim tivemos uma refeição todos os dias  ate acabarmos os comestíveis .
A palavra foi passando e dai por diante já os moços a tardinha punham a gala gala ao lume e assim começou uma maneira de nos minorarmos a nossa fome .
                 Mas nas nossas casas Senhor ? a fome grassava sem nos podermos ajudar.
                 Eu e que ia aviar sempre o barco acompanhado com outro meu colega , um dia pedi para trazer para o barco um pequeno bacalhau .
O senhor Emídio da Assial era como nos o conhecíamos , olhou para mim e disse me :
Com tanto vendaval o barco não vai para o mar !
                 Não vai não senhor mas eu vou levar o bacalhau na mesma . Agora de vez em quando já a gala gala era feita também com um pouco de bacalhau  desfiado e a partir de ai de vez enquanto la ia um bacalhauzito e nunca ninguém fez algum comentário
 A moda pegou  e todos os barcos faziam uma refeição por noite .
E em casa Senhor? a fome grassava e nos nem vagar tínhamos para ir apanhar umas das poucas lapas que ainda restavam nas pedras .
                  O vendaval abrandou e saímos para o mar . Íamos e vínhamos e o pescado teimava em não arribar a costa mas de vez em quando algum barco apanhava uns cabazes  era logo distribuído pelos outros barcos e muitas das vezes nem sobejava para vender para o quinhão.
Finalmente o peixe comecou a acostar , iamos fazendo algumas pescas e a situacao ia melhorando.
                  Uma vez reunindo me com o Jose Gordo  e o Florival propos lhes um plano de ajuda a qualquer um de nos mocos da embarcacao , se algum dia algum de nos adoecesse   ganharia o seu quinhao de moco que seria dividido a mesmas pelas tres partes .
Era uma pequena ajuda socialitaria para o futuro colega  e assim ficou decidido .
                   Poucos dias depois por casualidade o Jose Gordo adoeceu e ficou em terra . Nos fomos trabalhar para a Figueira da Foz e mesmo assim nao ficamos mal ao pe dos outros e religiosamente eu guardava o quinhao para o  Jose. Passadas umas tres semanas regressamos a Peniche e juntamo nos na taberna do Saloio ao pe do rologio da Torre que era aonde nos devidiamos o quinhao e demos o dinheiro que tal como tinha sido combinado pertencia ao Jose Gordo .
                    O Jose recebeu o dinheiro contou o e guardou nao tendo bebido nada porque dizia nao poder  beber  e saiu da taverna .
O Florival olhou para mim e disse me : Estas a ver este sacana  nem uma bebida pagou para nos !! Ele ia a sair para a rua para dizer alguma coisa ao Jose , calmamente disse lhe , deixa o ir embora , nos ja ficamos a saber  quem  ele e .
 Florival nao esquece esta passagem da sua vida e  ainda o ano passado se lembrou dessa triste historia que lhe ficara na sua memoria enquanto for vivo .
                       Enquanto andamos juntos  o Florival era sempre uma voz constante que nunca estava conformado com a situacao de fome que frequentemente nos batia a porta. .Durante as negociacoes na grave dos Pescadores  nos  finais , principios de  60  embora nuca pertencendo a nenhuma comissao de negociacoes foi sempre uma voz destemida em defesa de uma mudanca que ainda tanto tardou .     
                       Ainda o ano passado o via passar com os seus utensílios de pesca  em que teimando contra tudo e contra todos ,seguia sozinho ,  para a faina da pesca na sua lancha a vela e motor que me causavam um orgulho  em relembrar o Velho Lobo do Mar      
                                          Este e um Grande Homem de Peniche
Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada       12 de Abril de 2011

Salvem o  porto de pescas lúdicas e turistas de Peniche .Reparem a E.T.A.R. . Livrem nos das areias contaminadas do Fosso das Muralhas  . Dêem um coval digno para descansar ao nosso Hospital no cemitério de Alcobaça . Salvem o Baleal  Salvem Peniche e Sereis Salvos


                

               

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