terça-feira, 12 de março de 2013

Berlengas Ilhas dos meus Sonhos


                                                                           
                                                                              


                                                                        Berlengas
                                                              As Ilhas dos meus Sonhos


     Desde pequenino que tenho uma adoração pelas minhas Ilhas e sempre que posso faço uma visita que sempre me deslumbra que faço novas descobertas e sempre as encontro  para me encantar   
Hoje não vos vou falar da sua fauna marinha que tanto tem para ser dita e explicada, nem das suas aves, e’ de uma historia verdadeira da qual sou o protagonista e que vós certamente   gostarão de saber como ainda a posso descrever minuciosamente revivendo os tempos da minha meninice  , fazendo a vontade de alguns/algumas facebooquistas   que com ” flash “ me tem pedido no Face Book para contar o que se passou tantos anos atrás .

        Naquele tempo … ia quase todos os fins de semana às Berlengas para receber os livros e os cadernos de apontamentos que me trazia o meu grande Amigo Constantino Varela Cid para eu em Peniche poder acompanhar o progresso dos alunos da Escola de Pesca de Lisboa  que fui obrigado a abandonar , derivado a uma doença contagiosa nos olhos e que  tinha o nome  de conjuntivite granulosa vulgo “ tracoma “ .
        Naquela época já’ a Berlenga Grande era frequentada quase durante o ano todo por pescadores que durante a semana faziam as mais diversas capturas de pescado e crustáceos que de uma maneira geral eram vendidos nos fins da semana na lota de Peniche.
Os turistas que  já insipidamente apareciam ,  eram oriundos de diversas classes sociais altas os quais permaneciam já durante dias na fortaleza que durante a época de verão  estava sempre mais ou menos composta com  os seus poucos quartos quase sempre lotados e contavam-se nesses tempos historias, ou assistia no meu caso às mais bizarras historias de amor de alguns dos seus ocupantes  destacando-se de entre eles  o Senhor doutor ….. que com as suas sobrinhas eram assíduos fregueses nos verões majestosos berlengueiros .
A Família Conceição  da Cerca  - se estou bem certo do seu nome - era quem confeccionava e fazia a orientação hoteleira e culinária  durante a época  de Verão e todos nós sentíamos o seu calor familiar que tratava todos os seus “hospedes “ e pescadores que num sentido de entre ajuda faziam a delicia a todos , nas suas maravilhosas estadias .
      Também quase todos os fins de semana  uma formosa menina aparecia  na Ilha  e era bonito para mim vê-la passar quase fugidia parecendo que sempre alguém lhe queria fazer mal ,nem dava quase tempo a ver  a sua cara .
       A  ‘ Princesa vamos lhe dar esse nome – adorava apanhar banhos de sol no cerro do Carreiro da Fortaleza que a’ maré baixa tem uma área grande aonde ela sozinha se deliciava durante mais de uma hora a  bronzear-se  sem que alguém se aproximasse .
 Varias vezes vi, a Sereia  e sempre tinha o desejo de estar perto daquela figura que de cá’ de longe  em cima do cais da fortaleza ou no  morro junto a’ porta da fortaleza   admirava como às escondidas pois ela se reparava que alguém a estivesse a admirar  saia   do cerro e abordava a terra próximo a’ “gruta da  venca “  aonde , quando tinha sede eu me ia saciar com a frescura da sua preciosa agua , e desaparecia nos meandros  misteriosos  das grutas da nossa ilha .

      Naquela manha cerca das onze horas um sol quase ardente convidava a um bom banho e consequente bronzeamento  natural e verifiquei que já lá’ estava a Princesa  aproveitando as delicias da Mãe Natura para ficar mais bela .
      Eu nunca tinha estado em cima do cerro pois o acesso pela ilha não era muito convidativo e eu como não sabia nadar não me afoitava aonde eu poderia perder o pé’.
Como tinha vivido em Lisboa ate’ aos meus doze anos poucas vezes tive ocasião de ir a’ praia  e quando regressei a Peniche já um ” matulão “ um autentico homem feito não me sentia confortável com os meus amigos a nadar na Prainha do Abalo para aprender , pois eles gozavam comigo quando me viam  esbracejar e assim fugia aos seus convites da praia .
      Mas naquela manha o mar estava rasinho como um lençol estendido na relva a corar e a maré estava tão vazia que me convidava a aproximar  daquela figura que de certo modo me cativava  e devagarinho comecei as apalpadelas por causa dos fundões  e com  pé’ encima de uma baixa ou mais um fundão , lá consegui sem problemas de maior chegar ate ao cerro.
          A Princesa parecia que dormia profundamente somente a  sua cabeça de vez em quando se movia sem sequer abrir os olhos  e de pé junto a ela comecei com os olhos bem abertos  a apreciar aquele corpo esbelto que pela primeira vez tinha ocasião de apreciar .
Sem ela se aperceber sentei-me a seu lado e verificando que não havia movimento algum do seu corpo deitei-me a seu lado guardando uma respeitosa distancia.
E o tempo foi-se passando sem eu de facto tomar conta que já estava ali a’ mais de uma hora, quando senão os seus olhos se abriram e como em pânico levantou-se e dando um mergulho nas aguas cristalinas nadou com todo o vigor em direcção das escadas do pequeno cais. E foi então que eu verifiquei que já estava mais ilhado !.
 Como me e’ natural não perdi a minha concentração olhando para Fortaleza e esperando que talvez ela ainda olhasse para mim
para lhe indicar que não sabia nadar, ela desapareceu sem voltar a  cabeça na minha direcção.
        Naquela mais de uma hora em que estivemos juntos sem ela saber , a maré’ que estava de enchente subiu e eu fiquei numa terrível situação. Ainda pensei ficar esperando por alguma lancha que passasse , o que não era muito normal ,para me retirar daquela situação  mas optei por tentar atravessar aquela pequena distancia que apesar de ser pequena era para mim sem fim.
 Observando atentamente aonde eu teria mais oportunidades de sobreviver comecei a travessia e após diversas vezes de recuar pois os fundões submergiam-me, esbracejando, caindo aqui e levantando –me acolá consegui estar-vos agora a contar esta historia a qual não esquecerei durante a minha vida .

                      
           Não sei o por que, eu pelo menos não sei , nunca falamos um com o outro acerca deste assunto ou de outro qualquer e apesar de frequentemente nos cruzarmos  embora eu sempre olhando –a de cabeça erguida  ela põem a cabeça em baixo , ainda duas vezes lhe dei a salvação mas ela não retribuiu  .
  Esta menina que se tornou importante na Cidade aonde mora , por mérito próprio e sua inteligência  apesar de ser de condição social normal, talvez  com as suas exponencias sociais mais elevadas que a vida lhe deu nunca fez questão de confraternizar com este pescador de Peniche mas eu quando passo por ela , sem me ouvir , eu digo-lhe sempre :
 Bom dia, ou boa tarde Senhora ! .



P.S.
 Nesta  magnifica fotografia   que Raul Valdez    gentilmente me cedeu podem verificar bem  as tais lajes  que me ajudaram a salvar a minha vida nos anos de 1943 .

Manuel Joaquim Leonardo
Peniche Vancouver Canada

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