segunda-feira, 15 de abril de 2013

O meu Amigo Americano nas Berlengas


                                                                              
                                                                                           




                                                                                            Autor desconhecido ?
                                                                                     
                                                                                 O meu Americano
                                                                                Nas Ilhas das Berlengas

                                                
       Eram cerca da meia noite acordei sobressaltado com um bater forte na porta da minha casa .
Perguntei quem era e oiço uma voz conhecida que me dizia   : Sou o Jorge da Capitania quero falar consigo !
Ainda mais admirado fiquei e pensei logo que seria o meu barco que teria vindo de garra e que a noite já' não me ia calhar bem.
       Abri a porta e enquanto me acabava de vestir disse-lhe : entre 
Não posso entrar e o Sr. Manuel despache-se que tem que ir buscar a' Berlenga  um doente ! .
 Ainda mais admirado fiquei , e disse -lhe , pelo barulho do vento na chaminé', deve estar uma grande nortada ao que Jorge me respondeu .
Não e' nortada mas sim uma nordestada muito grande  e o Sr., Comandante pede-lhe para ir buscar um turista que esta' muito mal na Ilha .
Mas porque serei eu e não o salva vidas ou uma traineira a ir buscar o doente  ?
-Isso perguntei-lhe eu e o Sr. Comandante  Andrade e Silva  disse-me que o Sr.e' a pessoa indicada para fazer esta  missão  pelo seu conhecimento pessoal  das características do local.   O Sr. Doutor. Fortes já deve estar a' nossa  espera no cais .
 Eu disse ao Jorge que não podia ir sozinho pois a manobra na atracagem de noite e possivelmente  a forca que o mar   trazia era um trabalho arriscado e nada poderia falhar ou  daríamos , oportunidade a um naufrágio, perda do meu barco e possível vidas . . Era um cenário  sombrio  que não estava de boa vontade a encarar ., Vá  a casa do meu afilhado pedir-lhe para ele me acompanhar na viagem  , eu vou lá esperar por ele e  montando na minha bicicleta parti para a Ribeira .
    Quando cheguei a' Ribeira já' lá' estava esperando por mim o Sr. Doutor. Fortes , o qual vinha equipado com um grande saco mala para tentar fazer os possíveis tratamentos a' vitima  Fui buscar a minha Carina e ficamos esperando que o meu afilhado chegasse para partirmos .
O meu afilhado não aparecia e depois de estarmos a esperar mais de meia hora o Dr., Fortes já se estava a impacientar com a demora e dizia-me que o doente estava em perigo de vida e tínhamos que partir  para o tentarmos  salvar .
O tempo passava e o meu afilhado nem o Jorge apareciam e o Sr. Dr. Forte dizia-me ,vamos os dois pois eu posso ajudar  a mandar o cabo para terra pois alguém certamente estaria no cais para passar a volta ao cabo. 
Eu não sabia o porque de o meu afilhado ainda não ter chegado   e  mesmo o Jorge também não aparecia  e o Sr. Doutor sempre a pressionar a nossa partida.
     Pensei arriscar e partimos somente os dois, para a grande viagem , por mim esperada . Se o meu Deus quiser tudo correra' bem !!! pensei eu .
Ate ao Cabo tudo correu bem mas assim que passamos o Cabo apanhamos uma volta de mar que quando a minha Carina caiu no intervalo  da onda com uma pancada seca , fez a tampa da escotilha do leito  levantar -se  e ficar caída no convés .
 E o perigo começou  .  Com    o motor a  meia velocidade estive alguns minutos   encapelando as vagas alterosas, estive contando as pancadas do mar esperando por um raso que sempre havia e  com uma noite escura como breu , não se conseguia ver uma estrela , consegui rodar o barco sem sustos de maior a caminho de terra .
     Quando o Sr. doutor Fortes  viu que estávamos a voltar para trás disse-me: Nós temos que assistir ao doente !!
 Não fiz caso e quando chegamos ao remanso do Cabo pus o barco a' rola (2) e com um martelo e uns pregos grandes  preguei as escotilhas do leito e dos porões , dando mais segurança a' embarcação.
     O Sr. doutor  nesta ocasião vinha para sair da casa do leme e eu com um grito forte disse-lhe  que já lhe tinha dito que em nenhuma circunstancia abrisse a porta para sair sem eu lhe dizer .!!
As janelas todas da casa do leme estavam caídas para baixo e como de vez em quando a sorria- da altaneira entrava pela casa de leme o Doutor. Fortes já estava ensopado da cabeça aos pés .
      Fiz-me de novo ao mar rumo a' Ilha. O Doutor. Fortes perguntou - me quanto tempo demorávamos a chegar . Disse lhe que derivado a tempestade ainda levaríamos cerca de três quartos de hora pois íamos a meia forca .
Mais ou menos a' meia via a maré' estava já ao sul pois já não havia  tanta vaga alta e dei mais forca ao motor e cerca de pouco mais de meia hora estávamos a chegar ao cais .parei já' ao abrigo da ilha antes de entrar no carreiro e perante a impaciência  do .Doutor Fortes durante mais dez minutos observei o comportamento do mar de encontro ao cais .
      Em terra via-se alguém com uma lanterna  subindo e descendo as escadas   fugindo do mar .. a maré estava quase cheia o que facilitou a atracagem. numa manobra arriscada fiz -me de popa ao carreiro da Fortaleza   e três homens  que estavam no cais  puxaram uma tralha fina que estava amarrada ao cabo da retinida   que já ia preparada desde  terra para fazer a amarração.
     Como já tinha os cabos a medida a certa para usar todos os dias  facilitou a amarração e um homem que não cheguei a saber quem era  apesar de ter boas lâmpadas de iluminação a bordo  ao ver-me sozinho saltou para o barco e passou para a terra  o cabo da popa tornando  assim mais facilitada a acostagem
      De colete vestido contra sua vontade dei ordem para o Sr. Doutor. Fortes sair da casa do leme e  com a ajuda desse homem saltou lesto para o cais . O saco mala com os seus utensílios necessários para a emergência já tinham subido para terra .
Pedi aos homens que estavam em terra para um deles ficar no barco mas eles fizeram ouvidos moucos  e fiquei ao Deus dará'
       E ai' sim comecei a compreender o perigo que o meu barco e eu corríamos e foram mais de quatro horas ate a luz do dia , sem ninguém se aproximar do cais .
 Entretanto a forca do mar foi diminuindo e era já dia quando numa maca improvisada  apareceu o meu Amigo Americano e conseguiu entrar na minha Carina a caminho do Hospital .
Como o final 'e muito interessante espero que finalizem de ler esta historia humana em que mostrarei que a nossa condição humana como sempre , e’ muito fraca   .        Continua 

2 comentários:

  1. Embora a capacidade descritiva do Mestre é notável, e o seu relato nos prenda desde a primeira linha (Parabéns!) temos aqui, e só com a primeira entrega, uma situação que se equipara às que romanceou Alves Redol.

    Foi, para os seguidores, uma boa prenda de Primavera. Obrigado

    E muita saúde para este Fiel Amigo

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  2. Amigo e Senhor
    Agradecido pelas vossas palavras
    Muitos ficam pelos flashes no face book ,outros dao a cara nesse mesmo facebook e existe um rol grande que aqui me leem e que todos vo's me dao alento para continuar com as minhas Historias verdadeiras descritas numa maneira simples de comunicar . Nao sei fazer melhor de outra maneira e tenho pena das minhas capacidades literarias nao estar a' altura das grandes inspiracoes literarias de alguns de vo's que me fazem o favor de ler .
    Nao podemos ter tudo na vida mas as amizades solidas que me rodeiam e' um bem que agradeco ao meu Deus .Ate' logo, ate' sempre
    Manuel Joaquim Leonardo Peniche Vancouver Canada

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